Eram raros os tocadores que tinham concertina ou que sabiam tocar, eram muito
procurados para alegrar as festas em família, nas espadeladas, nas vindimas, mas
sobretudo nas pisadas das uvas no lagar : "umas pinguinhas". Ao
mesmo tempo que se preparava outro vinho novo, o tocador alegrava os que
esmagavam as uvas no lagar, mas também os outros que cantavam e dançavam fora
desse mesmo, e isso já todos bem bebidos. O tocador sentia-se um felizardo,
sábio e rico já por ter uma concertina, que não custava nem mais nem menos, mas
tanto como uma junta de bois. Mas ainda hoje a evolução do mercado esta equivalente
no preço duma concertina e duma junta de bois.
O som da concertina tem um poder contagiante sobre os minhotos que
partilhavam, à volta de uma concertina uma alegria de viver. Todos nesse
momento fazem parte da mesma família que é, afinal de contas, o verdadeiro
significado do conceito da nação minhota e da nossa emigração. |
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O cantador e a cantadeira vão improvisando,
desafiando e respondendo um ao outro, ao som de concertina.
Em cada festa, como romarias, feiras,
desfolhadas, serões, era sempre uma boa ocasião para a cantadeira e o cantador
de se desafiar em desgarradas, durante largos minutos,
onde eram abordados os temas como
escárnio e maldizer, amor e ódio, fé e caridade, improvisando as
rimas e respondendo, preferencialmente de forma jocosa, um ao outro.
Quem no minho nunca parou par escutar uma
cantadeira , um cantador, a cantar ao toque de uma boa concertina?
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