Traje de Lavradeira Minhota

Traje de Lavradeira Minhota

Traje de Lavradeira Minhota

 

O mais típico traje da região do Baixo Minho é uma verdadeira etnografia sobretudo em Guimarães, Fafe, Cabeceiras de Bastos, Amares, Pόvoa do Lanhoso e em outras cidades do Baixo Minho.

 

Tem sido o traje da Lavradeira Minhota tomado como o mais representativo do Baixo Minho.

 

Traje de Lavradeira Minhota

Traje de Lavradeira Minhota

Lavradeira com Caneca

 

   

 

Traje de Lavradeira

 

A lavradeira minhota, tinha por vaidade de harmonizar o seu traje, para parecer bem. O traje era composto com diversas peças assim como as variantes das cores dos lenços da cabeça e das costas, como verde, azul, amarelo, vermelho, branco outras cores no meio : o roxo, como o lírio do campo ou preto com ramos vermelhos. Eram as possibilidades de mostrar um traje belo e harmonizado da lavradeira minhota. Já que as restantes peças não tinham qualquer alteração.

 

 

A mulher abastada da aldeia, trajava exclusivamente bem, como uma mulher de possibilidades económicas e vantajosas. Tinha, habitualmente, a sua própria costureira e bordadeira para confeccionar um dos seus melhores trajes, armoniosos e sedutores. Mesmo nos olhares de outros compreende-se as grandes possibilidades financeiras desta mulher abastada, fazendo as suas distinções em comparação dos povos mais pobres da aldeia : era assim a mulher abastada da aldeia.

O poder económico de cada lavradeira nota-se pela quantidade de ouro que traz ao peito.

Do conjunto, destacam-se as peças de ouro típico da região, sobretudo, pela sua dimensão, uma cruz de malta, corações ou medalhas presa a um ou dois cordões de três voltas.

 

Traje de Lavradeira Rica

-         Saia de brocado bordada a vidrilhos de grande roda e com uma barra de veludo em volta

-         Avental de veludo bordada a vidrilhos com a coroa real e uma barra de pelucha em baixo

-         Colete de linho caseiro bordado de rabos

-         Blusa de linho caseiro bordada com um gola e punhos de croché

-         Um lenço colocado na cabeça e outro trassado nas costas com frocos postos à mão apertados à frente do peito caíndo na cinta.

-         Xaile no braço esquerdo para a frescura se ela chegasse ao caír da tarde

-         Chinelos pretos de vernis e meia branca em croché rendada

 

A água era elemento primordial na vida dos homens, bênção do céu derramada em chuva.

Dentro de casa a gestão da água era tarefa de mulher.

 Os nossos antepassados utilizavam a água da fonte para todas as necessidades diarias de alimentação da família e dos animais, higiene do quotidiano, lavagem da casa, pois nesse tempos não havia água dentros das casas.

As pessoas iam buscar a água a fonte com o cântaro, era um lugar de retorno obrigatorio, de manhã, ao fim da tarde, era um lugar de encontro. Ao lado, um tanque onde a água se despeja e onde bebia o gado que passava para o trabalho.

Outras vezes a fonte enchia-se de mulheres. E enquanto os cântaros enchiam, um a um, as mulheres queixavam-se da vida, trocavam as notícias dos cantos da aldeia, trocavam segredos que prometiam guardar. E a fonte onde os cântaros enchiam e vazavam, esquecidos, tornou-se o lugar mítico da aldeia escrito para sempre à volta de um gesto de mulher.
 

Lavradeira Minhota com um Cântaro

 

As raparigas vinham ao findar do dia, já posto o sol. Vinham dos campos os rapazes, nessa hora. E o cantar da fonte não deixava ouvir a mais ninguém as juras de amor. E a fonte onde os cântaros enchiam e vazavam, esquecidos, tornava-se o lugar mítico do romance. E sempre do amor.

As fontes reinavam sobre quem lhe passava  pelo caminho para matar a sede.

Mas com o passar dos anos a vida mudou e a água foi encanalizada para as casas.

Assim o reinado das fontes acabou.

 

A Fonte

Fonte de Sao Bento - Pedraido Fafe

A gestão das águas, dos seus direitos, e dos sistemas de rega é uma tarefa comunitária, realizada seguindo os mesmos principios básicos com séculos de existência, existindo um acordo entre agricultores que se associam para a gestão dos sistemas de rega.

As águas véem de nascentes nos terrenos baldios. Originalmente seria canalizada através de levadas (canais de irrigação).

O modo tradicional de irrigação consiste na abertura de pequenos regos (talheiros) a partir de canais de irrigação, utilizando ferramentas manuais como a enxada. Os talheiros são abertos individualmente de acordo com as necessidades de irrigação e depois fechados.

Poço de Agua

Cada uma, tinha os seus dias ou horas de agua. A água tinha hora certa para a torna. O relógio usado, era o relógio de Sol, porque poucos tinham relógio. Quando não havia Sol, era mais complicado, tinham que pedir o relógio emprestado para ir tapar a poça á hora certa. Este uso de tapar e abrir a poça, praticamente só funcionava nos meses de verão, para a rega de milhos, batatas e linhos.

Nos meses de inverno eram as poças de consortes. As águas de inverno, destinavam-se a limar as ervas dos campos de fenos e lameiros, e funcionava a regra do torna torna, que consistia em cada um tapar os pilheiros do rego dos outros campos e abrir pilheiros para os seus.

As maiores zaragatas e demandas, tinham origem nas águas de consortes. Houveram muitas sacholadas e até mortes.

 

Lavradeira Fazendo Trança

Lavradeira Fazendo Trança

 

As mulheres faziam tranças de palha, enquanto caminhavam de um lugar para o outro, aproveitando para fazer recados ou até simplesmente conversar com as vizinhas ou então nos serões das suas casas, enquanto os seus dedos ágeis entrelaçavam as palheiras, davam azo a grandes conversas, cantorias e gargalhadas.
Fazia-se trança a todas as horas, o lavor apenas era suspenso nas horas das refeições ou na necessidade de participar em outra tarefa de lavoura. Antes de o sino tocar para a missa vespertina, já elas moldavam as finas “palheiras” com uma destreza manual alucinante. Seguiam para a Igreja sempre de mãos ocupadas, interrompiam durante a missa e logo na saída retomavam este trabalho muitas vezes ambulante, durante o dia, à noite organizavam-se as «fazias de trança», serões exclusivamente destinados a este serviço.
Depois de escolhida separava-se a palha mais grossa para os abanadores ou cestas, a palha miúda para os chapéus das mulheres e a mais fina de todas empregue para a feitura dos chapéus dos homens.
Antes de começar a entrançar, a palha era molhada com água. Depois de feita, a trança é posta a corar. Para tal deixa-se a trança, durante uma noite debaixo de água, com uma pedra por cima.
Geralmente a trança é feita com sete paheiras, mas há também quém a faça com cinco e três.

 

 
Traje de Ir a Feira (Variente) Traje de Ir a Feira (Variente) Traje de Ir a Feira (Variente)
     
As mulheres de feira não eram iguais. Haviam as grandes feirantas que vendiam em grandes quantidades, e havia a mulher que ia a feira somente para verificar o mercado porque tinha a intenção de vender ou comprar. Para não se infiascar, ia espiar o mercado e, ao mesmo tempo, para não dizer que ia à feira sem nada, então levava no seu braço esquerdo uma pequena cesta talvez com uma dúzia de ovos ou feijões para a troca de alguns escudos, para uma outra compra não muito importante, mas foi à feira com outras intenções que nada tem a ver com esta venda ou compra, mas sim para espiar o mercado para o seu futuro negócio. Ia sempre elegante, ligeiramente carregada e assim era uma mulher que ia à feira.

As feiras de Fafe, ficavam a muitas léguas de distância. Na feira de fafe tudo se vendia e tudo se comprava o feijão, milho, batatas, centeio, ovos, mais também por vezes pitos, galinha ou coelhos.

As despesas da manutenção das terras, casas décima, doenças e vestimenta, eram pagas com a venda do gado, cabritos, anhos, frangos, perus e coelhos.
Nas aldeias não se comprava nada. Os pobres que tanto precisavam daqueles produtos não tinham dinheiro para os comprar.

Traje de Ir a Feira (Variente)

 
A Arrancadeira de Linho A Arrancadeira de Linho A Arrancadeira de Linho

 

O linho era uma faina difícil do trabalho do campo, mas pela boa vontade e amor ao linho, tudo seria feito com alegria cantando e dançando durante arrancada . No final ainda mostrando que acarinhavam o linho, ficavam dançando até outra, mesmo uma espadelada para não esquecer alegria que o linho lhe davam.

«Era alegria do linho»

 

A colheita do linho é feita no principio do mês de julho. Depois de arrancado é levado para eira em carros de bois, e depois é distribuído em mão cheia para ripar.

Durante este trabalho toda a gente canta e dança canções das fainas agrícolas.

 

"As voltas que o linho leva,

antes de ir prà tecedeira!

Eu inda dava mais voltas

para estar à tua beira"

 

   
Traje da Dobadeira Traje da Dobadeira Traje da Dobadeira
 

Como o linho levava tantas e tantas voltas, a dobadora também dava voltas, dessas tantas e tantas que o linho levava serões e serões que preocupava o povo do campo sobretudo a mulher para dar a parte final das voltas do linho para entrar no tear, sair em tecido e depois branquiar para fazer enxovais para os seus proprios vestuários.

Durante muitos séculos a transformação das fibras têxteis em fio esteve puramente confinada à indústria caseira e praticamente só realizada por mulheres. Os únicos utensilios utilizados na fiação eram a roca e o fuso. Com estes utensilios a mulher fiandeira, para obter o fio, principiava por colocar a rama de linho previamente cardada na roca, depois com a mão esquerda retirava uma porção de fibras, juntava-se e colocava-se no fuso segurando a ponta deste entre os dedos polegar e indicador da mão directa, dando-lhe um movimento rotativo afim que o filamento se torcesse para formar um fio redondo, depois dava-lhe um movimento contrário de rotação e o fio obtido era enrolado no fuso, umas vezes de baixo para cima, outras de cima para baixo.

"Quem me dera ser o linho
Que vós na roca fiais,
Quem me dera tantos beijos
Como vós no linho dais."

 

   

Copyright © José Lourenço / Rancho Folclórico "Meu País" de Maisons-Alfort
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