Na vida quotidiana do campo a agricultura era a principal actividade, envolvendo homens, mulheres, idosos e crianças.

 

A vida no campo era dura e o trabalho estava sujeito a uma rotina muito ligada as estações do ano e alteração climaticas.

 

As mulheres do campo eram um grande valor na pequena economia caseira, pelo o que ajudavam os homens em todos os serviços do campo. No campo, enxada ou foicinha ao punho. Ao lume da fogueira, fuso nas mãos e roca a cinta. Nas Cortes, cuida das crias, do sustento do gado e da engorda dos porcos. No palheiro cuida das palhas, do milho ou da caixa do grão. Tirava o leite as vacas e arrecadava os ovos para vender, regava os linhais, e pensava os animais.

 

Enfim, antigamente no minho, a mulher governava a casa e o marido, em força, lavrava o campo e carrava o milho a frente do carro dos bois.

Traje da Mulher do Campo  

Traje da Mulher do Campo

 

A rapariga que levava o leite tinha muita preocupação, porque na manhã seguinte tinha que levar o leite e por obrigação horas a respeitar para a venda. Portanto na noite depois do serão, por vezes passado a fiar, a fazer croché ou lã, preparava o seu traje de feira ou festa antes de se deitar, pois todos os dias de manhã cedo, carregava o leite que ia distribuir de porta em porta aos seus fregueses de todos os dias em ruas por vezes da vila ou da cidade levando o leite a quem o tinha encomendado. Ia sempre com a preocupação de ir bela e elegante pois transportava um produto alimentar muito apreciado pelos ricos, então o seu traje e a sua postura tinham de ser perfeitos para que os compradores compra-se o seu leite com toda a confiança. A venda servia para angariação de fundos para a sua subsistência e da sua família.

Traje da Leiteira

 

A Ceifeira

O Ceifeiro

A Ceifeira

Os ceifeiros não podiam ser frâgeis, as ceifadas exigiam muita energia física, por isso tinham de ser fortes e ageis. A foicinha tinha de estar bem afiada, o punho devia ser de madeira e devia estar bem fixo para a mão encontrar firmesa e não cansar o pulso.

 

Normalemente, numa ceifada participavam um grupo de homens e mulheres. Estes homens e mulheres iam preparados para disputar quem era mais rápido e quem fazia o corte mais perfeito do trigo ou do centeio. A regra para fazer um corte perfeito era cortar o trigo, ou centeio, bem baixinho para quando se fosse lavrar não haver muita palha nos campos. Muitos ceifeiros andavam mais a frente para demonstrar que eram valentes, outros, ficavam para trás. No entanto, todos cantavam em coro, com diversas vozes e sentiam-se felizes e reunidos nesta grande tarefa.

 

Hoje, nada disto existe, as mâquinas agrícolas tomaram conta desse passado : são os campos que estão de luto.

Quando os rapazes sabiam que havia uma ceifa, juntavam-se a espera das raparigas para dançar. De noite não se dançava pois as raparigas deviam estar recolhidas na segurança de suas casas.

O Ceifeiro

 

A Chamadeira de Gado A Chamadeira de Gado A Trunfa

 

A mulher ou rapariga chamadeira de gado tinha por vezes vaidade de ir en frente de uma bela junta de bois e um jugo de bela escultura, mesmo se o carro ia chiando. Ela ía toda vaidosa, pois toda a gente vinha espreitar quem passava. Os bois quase a compreendiam com total respeito pela bara inclinada as costas quase tombando sobre o jugo e a cabeça dos belos bois. Era, assim, a chamadeira de gado.

 

Chamadeira de Gado Segunda Metade do Século XX

 
O gado era uma das maiores riquezas do povo do campo, era fruto da sua economia.

A guardadeira de gado ou pastora tinha de sair de casa bem coberta com agasalhos dos mais quentes que tinham porque o tempo era incerto e talvez ía permanecer horas e horas para encontrar os melhores pastos da encosta da serra para o gado pastar.

Ao mesmo tempo para matar as horas, fiava, fazia meias ou bordava. Por vezes acabava por aproveitar o tempo a ver pastar o seu gado.

Quando a pastar nos montes com ovelhas aparecia o lobo, defendia o seu rebanho com um pau de lodão na mão e aos gritos.

Conta-se que um dia, o lobo foi apanhado numa armadilha e para poder fugir prometeu ao deus dos lobos que nunca mais comeria carne. Mas um dia, vendo uma ovelha muita proxima, atirou-se a ela e disse “que grande peixe, que não me cabe na boca, ainda bem que te encontrei, e dou graça a deus por fazer da terra mar. Já não me tinha de pé de tanta fome”.

 

A Guardadeira de Gado ou Pastora

 

A “Bezeira”

 

Nas freguesia do concelho de Fafe hesistia o ritual da vezeira :

 

Todos os dias, bem cedo, quer chovesse, quer fizesse sol, era sempre o mesmo ritual, quando a luz do dia passa-se teimosamente pelo um buraco da telha ou pela frincha de uma janela, o pegureiro (pastor) acendia a lareira para aquecer o corpo e para se prepara para levar a vezeira a pastar no monte. O monte que eram um recurso comum a todos, « o monte é de todos e todos la se podem governar ».

 

Entao logo de manha cedo, tocava a corneta (buzio), para que todas as ovelhas da freguesia se juntassem num sitio ja definido onde o pegureiro esperava por elas.

O pastor levava broa e bebia agua onde encontra-se. Também não se esquecia de levar um pau de lodão para proteger do lobo. O trabalho do pastor não era em nada facil, tinha de conduzir o seu rebanho de forma a que ela não invadissem as propriedades de particulares, tinha que proteger o seu rebanho das raras mas sempre iminentes ataques do lobo, e se a isso se juntasse um dia de chuva ou de nevoeiro, entao o grau de difficuldade aumentava de forma gradual.

 

A “Bezeira”

 

 

A “Bezeira” em Pedraído fim do Século XIX

 

A vezeira é regida por regras especificas, o pastor deveria guardar o rebanho consente o numero de cabeça de ovelhas ou cabras que possui, então nessas localidades como por exemplo na freguesia de Pedraido, quatros ovelhas correspondiam a um dia de monte, não entrando em conta nem os chiabarros (bode), nem os carneiros.

 

Na hora da sesta o pastor, encaminhava as ovelhas para a sombra e em geral para um local onde houvesse agua. Estavam então duas ou tres horas a sombra, o pastor por vezes uma mulher passava o seu tempo a fazer meia de lã ou trença para fazer chapeus de palha.

 

Passando a hora do calor, as ovelhas estando a comer, o pastor começava a varrer as caganitas, enchendo o saco par trazer par casa, um bom estrume para a horta.

A bezeira regressavam ao fim do dia a aldeia, e cada ovelha voltava por habito ter a corte de su dono.

 

Por vezes o pastor so dava conta de lhe faltar alguma ovelha quando chega-se a porta do dono, que lhe pregava um valente sermão por nao ter tomando conta do recado.

No dia seguinte é preciso passar a rês, e outro pastor ira com o rebanho que é de todos.

Hoje perdeu-se o conceito comunitario da “bezeira”

A Corneta "Buzio"

 

A Mulher da Romaria

A Mulher da Romaria

 

Os romeiros vinham de perto e de longe para as romarias que eram momentos religiosos popular.
O povo cumpria promessa, fazia oferendas.
A todas elas acorriam numerosos romeiros, vindos, por vezes, de terras distantes e que calcorreavam estradas e caminhos, a cantar e a tocar, dançando mesmo grandes pedaços dos trajectos.
A musica era uma das principais manifestação cultural do povo do campo. Tocava-se, cantava-se e dançava-se com alegria nas romarias reliogiosas, em festas em honra dos santos padroeiros.
Os romeiros reuniam-se entre amigos e famílias para ir as romarias, mas não esquecendo o merendeiro. As mulheres e raparigas levavam os merendeiros à cabeça, o bom chouriço, o bom presunto, os bolinhos de bacalhau, bacalhau frito, e mesmo um franguinho assado e a boa broa caseira.

 

Depois, transportado pelos homens a tiracolo ou enfiado no pau,o melhor vinho verde, no garrafão saía como delícia da região, nesse dia, de tudo há na romaria, mas o de casa sempre é de mais confiança e menos picante na carteira.

Por vezes, chegava a haver pancadaria com golpes de varapau por tanto vinho bebido.

 

Os Romeiros animando a Festa

 
Traje de Ir a Feira Traje de Ir a Feira Traje de Ir a Feira

As mulheres de feira não eram iguais. Haviam as grandes feirantas que vendiam em grandes quantidades, e havia a mulher que ia a feira somente para verificar o mercado porque tinha a intenção de vender ou comprar. Para não se infiascar, ia espiar o mercado e, ao mesmo tempo, para não dizer que ia à feira sem nada, então levava no seu braço esquerdo uma pequena cesta talvez com uma dúzia de ovos ou feijões para a troca de alguns escudos, para uma outra compra não muito importante, mas foi à feira com outras intenções que nada tem a ver com esta venda ou compra, mas sim para espiar o mercado para o seu futuro negócio. Ia sempre elegante, ligeiramente carregada e assim era uma mulher que ia à feira.

As feiras de Fafe, ficavam a muitas léguas de distância. Na feira de fafe tudo se vendia e tudo se comprava o feijão, milho, batatas, centeio, ovos, mais também por vezes pitos, galinha ou coelhos.

As despesas da manutenção das terras, casas décima, doenças e vestimenta, eram pagas com a venda do gado, cabritos, anhos, frangos, perus e coelhos.
Nas aldeias não se comprava nada. Os pobres que tanto precisavam daqueles produtos não tinham dinheiro para os comprar.

Traje de Ir a Feira
 

As mulheres faziam tranças de palha, enquanto caminhavam de um lugar para o outro, aproveitando para fazer recados ou até simplesmente conversar com as vizinhas ou então nos serões das suas casas, enquanto os seus dedos ágeis entrelaçavam as palheiras, davam azo a grandes conversas, cantorias e gargalhadas.
Fazia-se trança a todas as horas, o lavor apenas era suspenso nas horas das refeições ou na necessidade de participar em outra tarefa de lavoura. Antes de o sino tocar para a missa vespertina, já elas moldavam as finas “palheiras” com uma destreza manual alucinante. Seguiam para a Igreja sempre de mãos ocupadas, interrompiam durante a missa e logo na saída retomavam este trabalho muitas vezes ambulante, durante o dia, à noite organizavam-se as «fazias de trança», serões exclusivamente destinados a este serviço.
Depois de escolhida separava-se a palha mais grossa para os abanadores ou cestas, a palha miúda para os chapéus das mulheres e a mais fina de todas empregue para a feitura dos chapéus dos homens.
Antes de começar a entrançar, a palha era molhada com água. Depois de feita, a trança é posta a corar. Para tal deixa-se a trança, durante uma noite debaixo de água, com uma pedra por cima.
Geralmente a trança é feita com sete paheiras, mas há também quém a faça com cinco e três.

Mulher Fazendo Trança

   

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