O carro de bois era o equipamento do lavrador o mais útil para os trabalhos do campo e não só, servia, também, para as mais diversas utilizações, como por exemplo : para a matança do porco, malhar o centeio na eira, como mesa de merenda ou para transportes de doentes ou acidentados para o hospital. Quando eu era rapaz eu recordo-me que numa podada, um dos homens teve a infelicidade de encontrar uma árvore traidora que depois de se instalar no cimo dela com a sua escada de vinte e três passadas, (muito alta do pé), esta partui-se  e, o pobre homem caiu e partiu uma das suas pernas. Logo imediatamente não havia outra urgência se não preparar o carro e como motor : os bois, uma manta, um cobertor e um travesseiro, aí passou o carro de bois a ser uma ambulancia local a pouca rotação derivado ao motor serem os bois. Ficarei em duvidas se a operação deste pobre criado de servir tenha sido mais rápida que o transporte as urgências do hospital, neste belo carro de bois.

Chedas e Cabeçalha

Recordar é viver

Antonio Avelino Leite

O carro de bois era constituido por duas grandes partes: o rodeiro e o chedeiro.
O chedeiro era constitudo pela cabeçalha, que era o local onde os bois puxavam pelas chedas, pelas travessas e pelas tabuas. Estes carros eram puxados pelos bois e serviam para os lavradores carrarem mato, linho, feno, estrume, etc...

 

Em locais de difícil acesso, ou cargas mais pesadas, metia-se o cambão e uma ou mais juntas de bois. Também existem os mesmos carros puxados por vacas. Os carros de bois, foram introduzidos no Minho quando da invasão dos romanos.

A Roda

 

O arado é um instrumento que serve para lavrar (arar) os campos, revolvendo a terra com o objetivo de descompactá-la e, assim, viabilizar um melhor desenvolvimento das raízes das plantas. Era puxado por duas ou tres juntas de bois. A grade era constituida pelas travessas e pelos dentes. Era igualmente puxada pelos bois e servia para alisar a terra depois de lavrada.Para puxarem estes instrumentos utilizava-se também os cambões. Existia também a canga, que servia para prender os bois ao carro. O tamoeiro e a soga faziam parte de qualquer trabalho do carro.

 

Os carros eram feitos de varias peças, tudo em carvalho de qualidade. A cabeçalha, que leva à frente uma argola de ferro para se necessario lhe engatar o cambão puxado por mais vacas. O chedeiro, que era formado pelas cambas, pelos travessos e pelo soalho, lugar onde se fazia transporte de cereais e outros.
Pela parte de baixo, ficavam as cantadeiras, onde se metiam as tarraxas (utensilios de ferro) que, com mais ou menos estrangulamento, conforme a descida ou subida, se iam apertando ou alargando (eram os travões do carro). Fazia também parte do eixo a madeira onde se encaixa nas rodas, por meio de um malho rodeiro (martelo de madeira com grandes dimensões).

Meias Luas

 

As Rodas são compostas por três peças de madeira , geralmente  de carvalho, a peça do meio chama-se meão, as duas do lado chamam-se cambas, o rodado é composto de 4 peças de ferro curvadas com um centímetro de espessura, pregados com pregos  apropriados feitos no ferreiro,  o meão e as cambas são ligadas  com respigas  e umas barras de ferro curvadas, que se chamam meias luas, são embutidas na madeira, ajudando na segurança da ligação do meão e as duas cambas, tanto o rodado como as meias luas são pregados com pregos próprios forjados.

 

Ainda hoje existem alguns carros de bois, mas ja são poucos. A corda também fazia parte dos utensilios do carro, servindo para segurar o material que fosse necessario transportar.

 

As Caniças

 

Junta de Bois

 

O carro de bois era composto com os seguintes acessórios :

Chadeiro e acessórios :

 

- Cabeçalha

- Chedas

- Travessas

- Soalho

- Fueiros

- Caniças para levar os ceriais fechados

- Malhais para levar as pipas do vinho

- Malhetes onde circula o eixo

- Cantadouras que entre elas torna o eixo

- Tarraxas para segurança do carro em caso de ele se enverçar para que as rodas das cantadouras não se separarem do eixo

 

Roda e Eixo

 

Rodas e acessórios :
 

- Meão
- Cambas
- Meias luas em ferrage
- Pregos para segurança feitos no ferreiro especialement fortes

 

 

 

O Jugo dos Bois

 

 

O jugo dos bois era um dos equipamentos do campo de grande luxo, feito por artisãos de grande empenho, amor à arte da escultura de um trabalho cuidado na madeira e símbolo como por exemplo : silvas, videiras, uvas, landres. Nas grandes esculturas de luxo sempre uma imagem de um padroeiro como S. José, S. Antonio ou uma Cruz de Cristo, o Calice e a hóstia da Eucaristia como símbolo de guarda de perigos na companhia dos trabalhos dos animais e do homem. Por vezes utilizava-se uma balança como símbolo de justiça ou, o primeiro rei de Portugal D.Afonso Henriques. Normalmente a data em que foi feita essa bela obra de arte ou se bem fosse encomendada, teria a data de nascença do possuidor desta escultura ou mesmo as iniciais do seu nome.

A forma da escultura era mais elevada no meio, e ía descaindo em duas partes iguais assim como a forma dos bois, um “camalhão” do lado direito e outro do lado esquerdo. No meio estava o postalho onde está fixo o tamoeiro onde entra a cabeçalha do carro na zona do chavilhão. Hoje estes apetrechos de luxo foram desaparecendo, encontram-se nas decorações de casa e antiquários porque não têm sido usados, por consequência do abandono dos trabalhos rurais. Hoje são apresentados nas exposições do artesanato e, também, nos concursos pecuários para embelezar uma bela junta de bois.

São raros os que têm esta bela e rara obra de arte.

 

 

O Jugo de bois era composto com os seguintes acessórios :

 

 

- Jugo

- Arcos

- Varelas

- Piarças

- Tamoeiro

- Correias dos arcos

- Trunfas para colocar em cima da nuca dos bois e dos cornos

- Soga para conduzir os bois

- Correias para segurar as varelas

- Posteiro atrás da tábua do jugo para o chavilhão

   

 

A Vaca Barrosã

Habitantes ancestrais das terras altas do Norte de Portugal, os bovinos barrosãos são herdeiros naturais de um património genético. Os animais da Raça Barrosã são animais muito harmoniosos e belos, com temperamento um pouco nervoso mas muito dócil, o que lhes da aptidões óptimas para o trabalho e de muito facil trato e ensino.

Presente no Noroeste de Portugal desde tempos imemoriais, a raça Barrosã é o resultado de séculos de selecção e adaptação a que foi sujeita, tanto pelo ambiente agreste que caracteriza esta zona, como pelos usos e costumes dos povos que aí habitam.

Considerada a mais bela de entre todas as raças bovinas e sendo quase consensual igual classificação relativamente à carne que produz, não admira que seja hoje, e cada vez mais, explorada principalmente nesta vertente.

Mas nem sempre assim foi. Em tempos, para além do rendimento dos vitelos criados, os animais desta raça eram aplicados nos trabalhos dos campos; transportavam os matos para os estábulos para fazer a cama dos animais, antes de serem novamente levados para os campos e incorporados como fertilizantes para obtenção de boas colheitas. Estas eram trazidas para casa, utilizando sempre a força de tracção animal recorrendo a juntas de bois castrados, ou se as posses fossem menores uma junta de vacas que melhor rentabilizava estas explorações.

Estes animais foram também utilizados, embora em menor escala, na produção de leite, servindo o excedente da amamentação, principalmente para autoconsumo, ficando a convicção de diversos autores que, apesar de em quantidade não concorrer com as raças leiteiras, não lhe ficaria atrás na qualidade, nomeadamente no teor em gordura.

É assim de primordial importância o papel da raça Barrosã, para o meio rural, principalmente nas zonas de meia-encosta e de montanha, pois só com a utilização de animais completamente adaptados ao meio envolvente conseguem trabalhar as pequenas parcelas e socalcos, obter os fertilizantes naturais para adubação dos solos pobres e valorizar os parcos recursos alimentares disponíveis (carqueja, tojo).

Para além do aproveitamento dos prados e lameiros da exploração, verifica-se em toda a zona de produção uma elevada utilização de baldios e incultos, originada pela pequena dimensão das propriedades e pelos próprios condicionantes do sistema produtivo, em que se tenta arrancar da terra o maior rendimento possível, utilizando frequentemente duas culturas por ano e parcela.

O sistema alimentar, caracteriza-se ainda pela utilização de forragens verdes e conservadas (erva, palha, feno e por vezes silagem de milho), utilizando-se como suplemento o milho (em grão, traçado ou em farinha), o centeio e a batata.

 

   

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