As vindimas são um
verdadeiro marco da etnografia minhota e, em tempos passados, o trabalho da
colheita das uvas era visto com uma autêntica celebração.
As vindimas representam uma época do ano singular no minho que abrange todas
as atividades que decorrem entre apanha da uva e a produção do vinho. Depois
da poda em janeiro, dá-se a formação dos cachos na primavera e é durante o
verão que as uvas ganham cor, aroma e paladar.
Entre setembro e outobro, quando as uvas já se apresentam maduras, ou seja,
quando o peso, e a cor estam em condições ideias para a produção do vinho,
decorrem as vindimas.
Mas antes de chegar ao tempo das vindimas, e a esta fase agradável da
colheita, a vinha das incansáveis trabalhos ao lavrador e nem sempre o
resultado é compensador. Independendo de seu esforço, tem de lutar contra as
condições do tempo e vez por outra novas pragas lhe dizimam os frutos.
Mas a época da vindima, seja a colheita boa ou ma, é sempre tempo de festa.
Logo que o lavrador percebe que os frutos estão quase no ponto de ser
colhidos inicia-se grande azafama na adega. É o lagar que precisa ser
preparado, tinas ou dornas limpas, pipas e toneis, cestos e toda uma série
de utensílios próprios.
Como em todos os trabalhos agrícolas são convidados os vizinhos e amigos
para ajudar na colheita. Em quase todo o Minho as videiras ou parreiras, são
dispostas em ramadas, isto é, suspensas em arames sustentados por postes. E,
bem cedinho, lã vai o pessoal com seus carros de bois, cestos e demais
apetrechos dançando rumo ao trabalho.
Os rapazes encostam as escadas nas ramadas, as moças sobem e vão cortando as
uvas que depositam em pequenas cestas que depois são despejadas nos cestos
maiores e estes, nos carros de bois ou nas costas dos rapazes, conforme o
caminho permite ou não levar o carro, vão para o lagar. Ao meio da manhã
parava-se para petiscar qualquer coisa e ganhar força para continuar.
Nos diversos lagares são depositadas conforme a sua cor ou casta que darão
os vários tipos de vinho.
Pisadas com os pés as uvas se transformam num caldo licoroso que ficará em
repouso por alguns dias fermentando.
Ao anoitecer, as vindimas continuavam nos lagares onde os homens, de calcões
ou calças arregaçadas, formavam uma roda, davam os braços e ao ritmo da
música e cantares pisavam as uvas colhidas de manhã.
Ao final do dia, é mais um motivo para se dançar e cantar além da merenda
que não pode esquecer.
É assim o Minho, sua gente sempre alegre que é a sua maior riqueza.
Embora sem os contornos de festa de tempos passados, as vindimas de hoje
continuam a aliar uma forte componente de convívio ao seu trabalho
incontornável em certas aldeias do minho.
Os carros dos bois deram lugar aos tratores.
|
|