Roçar Mato
Antigamente, os lavradores iam ao monte roçar mato para o gado, para o estrume. E todos já sabiam mais ou menos em que dia cada lavrador ia ao monte. Este trabalho é o pior que pode haver. Roçar mato era só para os homens ou para as mulheres mais valentonas. Ir ao mato era uma arte, tinha que saber.
Logo de manha cedo o dono levantava-se um pouco mais cedo para dar de comer aos bois, estes deviam estar bem fartos.
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A dona da casa já tinha preparada uma pequena cesta, onde embrulhado num pano de linho, tinha colocado umas cebolas descascadas, um pouco de sal, um bom pedaço de broa, azeitonas, um pedaço de carne de porco entremeada, uma caneca e … pouco mais. À parte seguia naturalmente o garrafão de vinho verde tinto.
Tudo preparado. Os fueiros do carro nos seus respectivos sítios, as forquilhas, sacholas ou enxadas, cordas, tudo que fosse preciso em cima do carro. Iniciava-se então o percurso para o monte através de caminhos apertados, cheio de altos e baixos, irregulares, pedregosos, feitos pelos lavradores dos tempos passados, há já provavelmente centenas de anos.
À frente a chamar os bois seguia um dos rapazes mais velhos com a sua vara de marmeleiro aguilhoada ao ombro. A trás, e a pé nada de pesar no carro para não cansar os bois já que era preciso poupá-los para o esforço que lá para o fim teriam que fazer.
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O Monte | |
Chegando finalmente ao monte, o sol ainda não nasceu, está um ar fresco mas bom para roçar mato, daqui a pouco o sol e o esforço fá-los-ão transpirar. O carro dos bois é posto em posição para mais tarde ser fácil de carregar. Os bois são retirado do carro e colocados num sítio onde o sol não aperta, ficando ali ruminando e sacudindo as moscas com o rabo.
È necessário cortar bastante mato para dar uma boa carrada, já que não se vem ao monte muitas vezes. O corte é feito de uma forma ordenada, ouvia-se o som das enxadas a cortar o mato. Quando o mato cortado já era bastante para carregar o carro dos bois, fazia-se uma pausa para a merenda e beber um copo de vinho.
Entao começava o trabalho de arrastar o mato pelo monte abaixo, até perto do carro de bois onde será carregado. Uns encarregam-se de fazer montões de mato roçado, outros com as forquilhas iam lançando o mato para cima do carro e, outro subia para cima do carro para ir arrumando e compondo a carga. Quando a altura da carga já é bastante, as cordas eram lançadas por cima da carga e bem puxadas e presas para uma maior segurança e estabilidade do carro. |
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Carro dos Bois carregado com Mato | |
Os bois eram postos ao carro, quase que teram de andar um pouco de lado pois o mato, para se aproveitar ao maximo a carga, chegava à cabeçalha.
Tudo pronto e depois de uma reza ao Santo Antonio para que ele os protegesse pela caminhada, iniciava-se a marcha pela encosta abaixo, pelos caminhos que obrigam a um esforço redobrado pelo desnível e os perigos que apresentavam, segurava-se com as enxadas a carga, para evitar a todo esforço que o carro tomba-se, o que para além do perigo para os bois, evitar o trabalho de descarregar e votar a carregar o mato, que era uma vergonha quando tal acontecesse.
Finalemente, chegavam todos a casa cansados, mas felizes de nada de mal ter acontecido. |
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