Quadras Populares

Ó amieiro do rio
Deixa passar os peixinho
Quem namora ás escondidas
Quer abraços e beijinhos

 

Hei-de cantar hei-de rir
Hei-de ser muito alegre.
Hei-de mandar a tristeza
Pró diabo que a leve.

 

Da minha janela a tua
Da um salto de uma cobra
Espero um dia chamar
A tua mãe minha sogra

 

Tem meu pai um castanheiro
Do outro lado do rio
Da castanhas em Agosto
Uvas branca em Janeiro

 

O jardin para as flores
O céu é para as estrelas
Agora que aqui cheguei
Boa noite meus senhores

 

Eu cheguei aqui agora
Eu cheguei agora aqui
Se é cedo deixai-me estar
Se é tarde mandai-me embora

 

Se tu visses o que eu vi
No buraco da parede
A cobra a dançar a chula
O sardão a cana verde

 

Ó malhão, triste malhão
Ó malhão, triste, coitado!
Por causa de ti, malhão
Ando triste, apaixonado

 

Ó meu amor anda anda
Que eu te quero ver andar
Quero ver o teu jeitinho
E mais o teu passear

 

Quem roubava era ladrão

Robai moças robai moças

Que eu não tenho que roubar

Nas voltinhas do malhão

 

Antes de entrar no tear

A voltas que o linho leva

Não são tentas como as voltas

Que na Cabeça vou dar

 

Debaixo da oliveira
Não se pode namorar
Tem a folha miudinha
Não deixa passar o ar

 

Ó luar da meia-noite
Alumeia cá para baixo
Eu perdi o meu amor
Às escuras não o acho

 

Meu amor fala baixinho

Que as paredes tem ouvidos

Escusa ninguém saber

O nosso estar e sentido

 

Minha mae é pobrezinha

Não tem nada para me dar

Da-me beijos coitadinha

No fim  vira-se a chorar

 

Eu ainda te não deixei

O meu amor não me deixes

Quando eu te deixar amor

Faz de conta que acabei

 

A semana vou a erva

Sou criado de servir

Ao Domingo vou as moças

Que as tenho de reserva

 

Quero dar a despedida

Quero as dar e não poso

Tenho meu coração preso

Com um fio d’ouro o bolso

 

Faz um peito que regala
Coração perto da boca
Em certas ocasiões
Arrebenta se não fala

 

Nem de madrugada cedo

Eu não posso andar de noite

Eu ando amiaço

De quem tenho pouco medo

 

As voltas do nosso vira
Não tem nada que saber
É andar c'um pé no ar
Outro no chão a bater

 

Não a nada que mais custe

De que amar uma mulhere

Esta sempre de nariz torto

Ninguém sabe o que ela quer

 

A cana verde cantada

Ao longe parece bem

Para dançar a cana verde

Os filhos que meu paí tem

 

Minha pra me casar

Prometeu-me quanto tinha

Depois de me eu casar

Deu- me um quarto de farinha

 

Minha mãe quand me teve

Pensava que esta rica

Depois queria me matar

Com remedio da botica

 

O meu Paí me recomenda

Quando eu saio de casa

Não te metas com mulheres

Que elas são fraca fazenda

 

 

Não chores por mim não chores

Que eu não sou o teu amor

Eu não sou como a figueira

Que da frutos sem flor

 

O minha mãe me envalava

Quando eu era pequeninho

As moças davam me beijo

Agora não me dão nada

 

Terra de boa tradições

Ó freguesia de Antime

Onde reina a concertina

E violas e violões

 

O que moda tão bonita

O minha caninha verde

Todas as modas acabam

Só a cana verde fica

 

Não t’encoste a lareira

Qu’ela suge e deixa pó

Encosta-te a minha cama

Sou solteira e dormo só

 

A cana verde no mar

Navega por onde quer

É como o rapaz solteiro

Enquanto não tem mulher

 

Se o Loureiro não tivesse

No meio tanta ramada

Da minha janela eu via

Os olhos a minha amada

 

Tu anda devagarinho

Ja me esta a fugir a vista

Tu vé la se tens cuidado

Que podes ficar sem a crista

 

Boa tarde lhe vou dar

O povo que me escutais

Este é o rancho de Fafe

E a todos vem saludar

 

O moças virai virai

As costas ao mirador

Que eu também ei-de virar

As costas ao meu amor

 

Se o Loureiro não tivesse

no meio tanta alecrim

Da minha janela eu via

Os olhos ao Joaquim

 

Ó moças dançai o vira

Que o vira tem que saber

O sapateiro é pobre

Ajudai-o a viver

 

O meu amor é baixinho

Mas eu grande também não sou

É um par arrangadinho

Que déus ao mundo deito

 

O homem para ser homem

Tem que andar na linha

Tem de fazer a mulher

Como o galo faz a galinha

 

Boa tarde meus senhores

Eu não canto por dinheiro

Tenho aqui o cantador

Para soltar-lo do poleiro

 

Uma noite nao é nada
Deixa-me ir dormir contigo
Eu entro pelo escura
E saio de madrugada

 

Que é aquilo que é aquilo

Que esta encima da lenha

É o gato da vizinha

A espera que a gata venha

 

O vinho nasce na uva

E o amor no coração

Boa tarde meus senhores

Terminou o nosso malhão

 

Pedrinhas que estas calçadas
Levantai-vos e dizei
Quem vos passeia de noite
Que de dia bem eu sei

Boa tarde meus senhores

Mais cedo não pode vir

Ainda vim muito a tempo

Das tuas quadras ouvir

 

Eu ia por Braga a baixo

Ouvi cantar e parei

Um cantiga tão Linda

Quém a cantava não sei

 

Sou do minho

Sou do minho natural

Quém não conhece o minho

Não conhece Portugal

 

Hei-de te mandar varer

Ó linda cidade Fafe

Q’uma vasoura de prata

Que d’ouro não pode ser

 

Se o Loureiro não tivesse

no meio tanta flor

Da minha janela eu via

Os olhos ao meu amor

 

Se um dia eu casar qum velho

Muito me eu ei-de rir

Ei-de por a cama alta

Para o velho não subir

 

Quém tem muito neste mundo

Deve repartir metade

É assim como manda a leia

É obra de caridade

 

Ó moças dançai o vira

Que o vira é coisa boa

Eu já vi dançar o vira

As meninas de Lisboa

 

O malhão quando morreu

Deixou dito na escritura

Que forrasse o caixão

Com pano de pouca dura

 

Eu quero entrar ao meio

Ao meio quero entrar

Eu quero entrar ao meio

Para escolher o meu pare

 

O malhão quando morreu

Foi enterrado na areia

Quem o for desenterar

Tem cem anos de cadeia

 

Adeus que me vou embora

Daqui me vou retirar

Como uma carinha de riso

Meu coração a chorar

 

Quem me dera ser a água

Pelas fontes a correr

Para beijar os teus lábios

Quando la fores beber

 

Quem quizer um mulher boa

Não a mande trabalhar

Ponha-a na torre da igreja

Com o cu virado por ar

 

Vai te lavar morena

Vai te lavar

Se não fores ao rio

Vai te lavar ao mar

 

O moças virai virai

Que eu tambem quero virar

Tambem quero ir a roda

Para escolher o meu par

 

O meu amor jura jura

Faz um jura bem feita

Jura que me hades dar

Na igreja a mão direita

 

Daqui para minha terra

Tudo é caminho e chão

Tudo são cravos e rosas

Plantadas por minha mão

 

Quem me dera dar um beijo

Nesse teu rosto me bem

Para ficar a saber

O gosto que o beijo tem

 

A minha mãe e dizia

Quando eu era pequenina

Para cantar e dançar

Só na nossa freguesia

 

Adeus casa do meu pai

Adeus quarto da palhada

Era a casa que eu dormia

Ao chegar de madrugada

 

Siga rusga siga rusga

Siga a nossa reinação

Os meus pais eram da rusga

Os filhos da rusga são

 

Meninas dançai a rusga

Cana verde e Malhão

Cana verde esta solteira

Não tem a quem dar a mão

 

Eu ia por Braga a baixo

Ouvi cantar e parei

Um cantiga tão Linda

Quém a cantava não sei

 

 

 

 


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