O Linho
A cultura do linho é muito antiga e esta ligada a uma tradição que perdura aytravés dos sécalos até aos nossos dias, embora encontrando-se em vias de extinção. Cada familia semeava o seu campo de linho, tinham as suas rocas e os seus fusos num canto da casa.
Para além de um tecido mais fino e raro teciam-se sem dúvida grandes quantidades de estopas (fios mais grossos).
No distrito de braga, existem ainda pequenos focos de produção espalhadas pelas zonas rurais mais interiores de Guimarães, Fafe, Barcelos, Póvoa de Lanoso e Vila Verde.
Vamos aqui tentar explicar o ciclo de transformação do linho desde a semente até as confecções de toalhas e vestuarios.
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Campo do linho | |||
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1- SEMEAR Esta fase da sementeira à volta do linho, começava pela escolha da terra que julgasse ser mais apropriado para o cultivar.
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A terra é lavrada | |||
No mês de Março ou Abril, conforme o tempo o permite, a terra é lavrada, agradada, pronta para receber lançada a mão a semente do linho “Linhaça”. |
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A semente do linho: A linhaça | |||
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2- REGAR E MONDAR Quando o linho atingiu a altura de cinco centimetro leva a primeira rega. As ervas daninhas que não deixam medrar o linho tem de ser arrancadas quantas vezes melhor.
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Mondar o Linho |
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3- COLHER Depois de arrancado trazem ainda a baganha ou semente, Em pequenos montes o linho é colocado no ripeiro ou ripanço para a separação da semente. A semente é posta ao sol para acabar de secar.
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O linho é arrancado | |||
4- RIPAR Depois de arrancado trazem ainda a baganha ou semente, Em pequenos montes o linho é colocado no ripeiro ou ripanço para a separação da semente. A semente é posta ao sol para acabar de secar.
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O linho é ripado | |||
A flor do linho é pasada pelo um crivo para separar a semente do resto da flor. A semente do linho ou “Linhaça”. |
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A linhaça | |||
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5- MOLHAR Depois de ripado, o linho é organizado em molhos que são transportados para o rio, tanques ou para um poço onde, vão ficar de molho na aguá durante cerca de dez dias, onde ficara a curtir para lhe tirar a filaça. |
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O linho é molhado |
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6- SECAR No fim de dez dias o linho é retirado da aguá e posto a secar outros tantos dias. |
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7- MALHAR Depois de secar o linho é estendido na eira onde é malhado por um conjunto de quatro homens, dois de cada lado, de forma a quebrar a parte exterior rígida do caule. |
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O linho é malhado numa eira | |||
8- MOER A seguir o linho é levado para engenho formado por um tambor rotativo em que engrena um série de roletas. Este engenho era movido por gado. O linho é colocado para ser moído em camadas de forma a cobrir completamente o tambor, quebrando assim ainda mais a parte lenhosa e tornando-a mais fácil para separar a fibra.. O Linho saia do engenho em “maças” de dois ou três metros de comprimento. As “maças” são depois repartidas em estrigas. |
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Moinho de Linho movido por Gado | |||
9- ESPADELAR Ao sair do engenho, a parte mais lenhosa do linho vem partida, sendo necessário retira-la, bem como a parte mais grosseira da fibra, para libertar as fibras têxteis das particulas da parte lenhosa. A espadelada é sempre feita antes das vidimas.
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Espedelar o linho | |||
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Este trabalho era executado pelas mulheres, cada uma delas usavam um espedela de madeira, parecendo-se a uma espada curta e larga, e colovam-se ao lado dum espadelouro ou dum cortiço com uma média de 90cm de altura. Cada espadeleira segurava uma metade da estriga com a mão esquerda encostada na parte superior do espedalouro, e com a mão direita batia na estriga de cima para baixo ao longo do bordo exterior do espedalouro, para assim libertar as fibras externas do linho que ainda resistriram a maçagem.
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O Cortiço |
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10- ASSEDAR Para refinar ainda mais o linho, este é agora passado pelo sedeiro, um pente de dentes de aços finos.
A mulhere assentava-se e encostava o sedeiro em frente de si com os pregos perto do peito, e então, passave e repassava com o linho por cima daquele grupo de pregos com o objectivo de limpar e separar o linho mais comprido da estopa mais curta.
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Assedar o linho | |||
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11- FIAR Os instrumentos utilizados para fiar eram o fuso e a roca, trabalho manual de um agilidade, este era muita vezes feito nos tempos livres a lareira durante o serão. A fiandeira coloca a estriga que resulta da assedagem na parte superior da roca para transformação em fio. Através da roca presa na cinta da saia no corpo da mulher, e com uma manipulação e a habilidade dos dedos das mãos, já acostumada a esta tarefa, com a mão direita ia torcendo, as fibras da estriga em movimentos rotativos que executa no fuso e, com a mão esquerda desenredeava e puxava por a fibra da roca, ensalivando de vez em quando as fibras revoltosas da roca. |
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Fiar o linho |
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12- ENSARILHAR Depois das maçarocas fiadas colocas-se no fuso e o fio é passado pelo chavelho do sarilho até formar uma meada. |
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O Sarilho | |||
13- BRANQUEAR Antes de dobar e tecer o linho era necesario branquear-lo. As meadas são colocadas numa caldeira ou no pote em aguá quente juntamente com cinza para branquear. Depois é novamente lavado e posto ao sol para corar. |
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Branquear o linho | |||
14- DOBAR A dobadoira era feita de madeira com um base em forma de caixa quadrada e aberta para poder colocar os novelos. As meadas eran colocadas na dobadoira após de serem branqueadas, esticando-a de novo com toda a energía entres os braços e colocado na estrutura quadrada da dobadoira da maneira de poder entrar na armação. Depois de ajustar as ripas da dobadeira para a meada não cair, procurava-se então a ponta do fio, e começava-se a fazer rodar a dobadeira, minguando então a meada na dobadoira e crescendo o novelo entre as mãos. Enquanto dobava o novelo, ia conversando com quém estivesse a seu lado ou cantando canções no povo da terra. |
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Dobar o linho | |||
15- TECER O tear é un engenho de madeira com a finalidade de tecer peças de linho ou outras
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O Tear |
A canela do tear |
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16- CONFECCIONAR O linho era muito utilizado para fazer peças de vestuario, tal como lenços, saiotes, camisas, ou mesmo toalhas, lençois, ou colchas. |
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Fiai, fiai, fiandeiras Fiai sempre bem fininho Quero dar ao meu amor Uma camisa de linho |
Oh moças cantai comigo para o linho semear, para tecer lençóis para o ano casar |
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Esboço Moinho do Linho - Espadelouro - Dobadoira | |||
Uma só teia nos une (memórias de Pedraído) | |||
Fotografias do Artesanato da “Associação Cultural e Desportiva” Pedraído – Fafe |
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De destacar o trabalho da Associação Cultural e Desportiva de Pedraído – Fafe que tenta preservar esta tradição que vem caindo em esquecimento. O trabalho desta associação não tem sido fácil, mas desde cedo percebe-se que teria de haver um grande envolvimento deste povo desta freguesia de fafe, para que este projecto tivesse éxito, “um aposta ganha, com entusiasmo e empenho” |
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