Desde tempos imemoriais que o
Homem sentiu a necessidade de transformar os cereais que recolhia ou cultivava,
na farinha que depois daria origem a um dos alimentos base que era o pão.
Sendo movidos com água, os moinhos estão necessariamente situados junto de
linhas de água que asseguram os caudais necessários ao seu funcionamento
De um modo geral, na construção dos moinhos de água foram aplicados materiais
existentes no local, a pedra para as paredes e a madeira para os barrotes de
suporte à cobertura;
Assim, os moinhos estendem-se ao longo das linhas de água mais importantes, em
especial nas proximidades das povoações, por facilidade de acesso.
Um bom moinho tem que preencher os seguintes requisitos: terá que moer todo o
ano e possuir duas ou mais mós, uma para milho e as restantes para trigo,
centeio e outros cereais.
A água é conduzida para o moinho através de açudes e levadas, e estas têm que
estar bem conservadas, por forma a resistirem a cheias e enxurradas. |
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Moinho a água para fabricação de
farinha |
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O moinho de água apareceu no século II d. C. com os gregos e os
romanos, que depois o espalharam pela Europa. Serviam, como indica a sua
etimologia, para moer cereais e transformá-los em farinha. É um engenho muito
simples e que foi utilizado durante praticamente dois ilénios, permanecendo
ainda em uso, embora tendencialmente decadente, no século XX. Consistia em
aproveitar a energia cinética, o movimento dos rios, para fazer rodar o moinho e
acionar depois o sistema de moagem. É um excelente modo de aproveitamento de uma
energia natural não poluente e ecológica, uma vez que não implica praticamente
nenhum desvio do curso das águas e não altera, portanto, a fauna e a flora
fluviais, mantendo assim o ecossistema intacto.
Era aqui que as pessoas traziam
o seu milho para a moagem ser feita e de onde sai a farinha para ser feito o pão
a chamada "Broa". A moagem do milho era feita e o pagamento da moagem
era feito de diversas formas, de dinheiro quem tivesse, fazer serviços para o
dono do moinho, ou pelo mais usual forma de pagar na altura que era a entrega de
uma medida de farinha que era retirada pelo moleiro correspondante ao seu
trabalho tendo o nome desse pagamento a maquia. |
Moinho a água para fabricação de
farinha
Pedraido - Fafe |
Os moinhos de água são engenhos bem adaptados ao
regime torrencial dos ribeiros que alimenta uma levada que conduz a água que o
vai accionar. A parte central destes engenhos é uma roda horizontal ou vertical,
com cerca de 2 metros de diâmetro, em madeira - o rodízio - composta por um
conjunto de palas côncavas dispostas radialmente - as penas -, que está ligado à
mó, em pedra granítica. A força motriz da água, é dirigida contra as palas
fazendo rodar o rodízio. Este movimento é transmitido à mó, que faz a trituração
dos cereais (milho, centeio ou trigo), transformando-os em farinha.
Hoje alguns destes moinhos se
encontram em total abandono, outros são recuperados, para fins turistico como
foi o caso deste moinho da aldeia de Pedraído, pois foi recuperado e posto em
funcionamento.
Uma maravilha que é, e como foi conseguido o
espaço em que esta inserido é digno de ser visto, é simplesmente lindo. |
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Moinho a água para fabricação de
farinha
Pedraido - Fafe |
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O grão é colocado no gamelão (1)
em madeira, com a forma duma pirâmide invertida, saindo a pouco e pouco pelo
orifício inferior e passa para a quelha (2)
por onde vai escorregando e caindo para o olho (4)
da pedra móvel. A regulação da quantidade de grão que cai para a mó é efectuada
através do ponto de fixação do cordel (7)
que suporta a parte dianteira da quelha, variando-se assim a sua inclinação. O
escorregamento do grão pela quelha é facilitado pela trepidação que lhe é
transmitida pela tramela (3)
que é uma peça em madeira em forma de cruz; o braço horizontal apoia-se do lado
esquerdo na estrutura fixa do moinho e do lado direito na quelha; o braço
inclinado poisa na mó e quando esta se encontra em movimento o tramela trepida
fazendo com que o grão caia. É importantíssimo que o moinho moa sempre a
quantidade certa de grão, para o tipo de farinha que se pretende obter. Só a
experiência do moleiro, que reconhece a boa ou má regulação do sistema, pelo som
que ouve do trabalhar do moinho, lhe permite ter a moagem em boas condições de
funcionamento. Mesmo que se encontre a dormir, a alteração do som ou a ausência
de ruído faz com que acorde e vá ver o que se passa.
O grão ao cair pelo olho da mó é obrigado, com a ajuda do movimento rotativo, a
encaminhar-se para o espaço situado entre as duas mós.
A força centrífuga e os sulcos radiais abertos na face inferior da mó móvel com
uma profundidade que vai diminuindo do centro para a periferia, concorrem para a
trituração do cereal. A farinha assim produzida vai sendo projectada para a
frente do moinho, e caindo no espaço vedado no soalho (5)
por umas tábuas ou directamente numa saca, que pode ser a mesma que trouxe o
grão para moer.
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Esboço Moinho de Farinha |
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Finalmente para parar rotação do moinho, a aguá é
simplesmente desviado das penas por meio de um dispositivo, o pejadouro, que o
moleiro manobra junto das mós.
Como instrumentos auxiliares usava-se a peneira e o crivo, o primeiro para
separar os resíduos da farinha e o segundo dos cereais; a pá de madeira para
manusear a farinha, o picão de ferro para picar as mós (6)
e a vassoura essencialmente para varrer a farinha à volta das mós. |
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Balança do Moleiro
Pedraido - Fafe |
Caixa da Farinha e Antiga pedra da mó
Pedraido - Fafe |
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Entrada do moinho
Pedraido- Fafe |