A Vaca Barrosã

Habitantes ancestrais das terras altas do Norte de Portugal, os bovinos barrosãos são herdeiros naturais de um património genético. Os animais da Raça Barrosã são animais muito harmoniosos e belos, com temperamento um pouco nervoso mas muito dócil, o que lhes da aptidões óptimas para o trabalho e de muito facil trato e ensino.

Presente no Noroeste de Portugal desde tempos imemoriais, a raça Barrosã é o resultado de séculos de selecção e adaptação a que foi sujeita, tanto pelo ambiente agreste que caracteriza esta zona, como pelos usos e costumes dos povos que aí habitam.

A Vaca Barrosã

Considerada a mais bela de entre todas as raças bovinas e sendo quase consensual igual classificação relativamente à carne que produz, não admira que seja hoje, e cada vez mais, explorada principalmente nesta vertente.

Mas nem sempre assim foi. Em tempos, para além do rendimento dos vitelos criados, os animais desta raça eram aplicados nos trabalhos dos campos; transportavam os matos para os estábulos para fazer a cama dos animais, antes de serem novamente levados para os campos e incorporados como fertilizantes para obtenção de boas colheitas. Estas eram trazidas para casa, utilizando sempre a força de tracção animal recorrendo a juntas de bois castrados, ou se as posses fossem menores uma junta de vacas que melhor rentabilizava estas explorações.

Junta de bois de trabalho barrosãos em 1900

Estes animais foram também utilizados, embora em menor escala, na produção de leite, servindo o excedente da amamentação, principalmente para autoconsumo, ficando a convicção de diversos autores que, apesar de em quantidade não concorrer com as raças leiteiras, não lhe ficaria atrás na qualidade, nomeadamente no teor em gordura.

É assim de primordial importância o papel da raça Barrosã, para o meio rural, principalmente nas zonas de meia-encosta e de montanha, pois só com a utilização de animais completamente adaptados ao meio envolvente conseguem trabalhar as pequenas parcelas e socalcos, obter os fertilizantes naturais para adubação dos solos pobres e valorizar os parcos recursos alimentares disponíveis (carqueja, tojo).

 

Parelha de Bois em dia de Festa Guimarães

Para além do aproveitamento dos prados e lameiros da exploração, verifica-se em toda a zona de produção uma elevada utilização de baldios e incultos, originada pela pequena dimensão das propriedades e pelos próprios condicionantes do sistema produtivo, em que se tenta arrancar da terra o maior rendimento possível, utilizando frequentemente duas culturas por ano e parcela.

O sistema alimentar, caracteriza-se ainda pela utilização de forragens verdes e conservadas (erva, palha, feno e por vezes silagem de milho), utilizando-se como suplemento o milho (em grão, traçado ou em farinha), o centeio e a batata.

 

 

A Vaca Barrosã


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