A Broa de Milho

A palavra Broa, que se aplica aos pães feitos com milho ou centeio, é usada principalmente pelas populações do Norte de Portugal no Minho, há ainda a particularidade de a palavra Broa apenas se referir às fornadas de pão de milho. Em linguagem corrente, chama-se pão à Broa, e trigo ao pão de trigo.

   

1- PENEIRA

Antes de se começar a amassar, peneira-se a farinha. Utiliza-se uma peneira para separar o farelo da farinha. Para facilitar coloca-se a peneira por cima da masseira, girando-a  manualmente. O farelo era aproveitado para alimentação dos porcos.

 

A peneira
   

2- AMASSAR

A amassadura do pão difere consoante o tipo de farinha e os usos e costumes regionais e locais. Depois de se aquecer a água, adiciona-se sal e coloca-se a agua a ferver na farinha de milho dentro da masseira. Depois, amassando-se tudo com as mãos, se a temperatura o permitir. Mais tarde, adiciona-se o fermento e a farinha de centeio, e procede-se à amassadura com as mãos. Este trabalho foi aprendido de gerações em gerações por observação: é a transmissão do saber-fazer.

A massa pesada é difícil de trabalhar, resultante da mistura de milho com centeio, torna a amassadura uma tarefa relativamente árdua.

A amassadura
   

3- RITOS E FERMENTAÇÃO

A fermentação é uma etapa fundamental na produção do pão. Para que esta seja bem sucedida, fazia-se uma cruz na massa e uma pequena oração “Deus te levede em pão”, para benzer, para ela levedar. Tapava-se a massa com um toalha. Quando começam a surgir “fendas” na massa, é sinal que está lêveda.

 

4- RENOVAR O ISCO

Da massa actual, deixa-se sempre uma porção para a cozedura seguinte. No Minho, ainda se guarda o isco dentro de uma malga (tigela pequena), e cobre-se com uma folha de couve para não secar.

A amassadura era benzida com uma cruz

   

5- AQUECER E LIMPAR O FORNO

Enquanto a massa fermenta, o forno é aquecido a lenha. Quando acende um forno reza-se um Pai Nosso e uma Avé-Maria pelas almas do Purgatório. De quando em vez, remexe-se para arder melhor e para espalhar as cinzas e o borralho. Quando os tijolos do forno estão esbranquiçados, este é, então, limpo com uma pá de ferro, e varrido com uma vassoura de giesta, deixando-se algumas brasas na entrada antes de fechar a porta.

O Forno é aquecido e limpado
   

6- DAR FORMA A MASSA

Depois de se untar a malga, o gamelo ou o tigelão de barro com farinha, enche-se com a massa fermentada para lhe dar forma e tende-se o pão. Esta etapa exige à mulher muito treino e destreza.

Dar forma a massa

   

7- METER A BROA NO FORNO

Quando se metia o pão ao forno, dizia-se : “Tu a cresceres e eu a comer, que nunca te possa vencer”. Para enfornar a broa, usa-se uma pá de madeira, redonda ou rectangular, cujo cabo é mais ou menos comprido consoante a profundidade do forno. Este trabalho, particularmente fatigante devido à sucessiva e rápida repetição de movimentos e pelo calor intenso que se faz sentir junto ao forno, requer duas pessoas: uma para colocar as broas na pá e outra para enfornar. A massa era colocada por cima de uma folha de couve, para não ficar em contacto directo com a cinza que eventualmente exista no forno e para não deixar queimar a parte de baixo das broas.    

Lança-se, então, um punhado de farinha por cima das broas para lhe dar cor, fecha-se o forno com uma laje de granito e veda-se com bosta de vaca. A cozedura é a última fase do ciclo do pão.  

A broa é cozida no forno a lenha

   

8- DESENFORNAR O PÃO

Com a ajuda da mesma pá que foi usada para enformar o pão, retira-se um a um o pão quente do forno

Pela cor e textura do miolo e pelo som do toque na côdea, as mulheres ficam logo a saber se a fermentação e a cozedura correram bem. Por fim, após horas ininterruptas de trabalho, aí está o pão que alimenta às refeições, mas que também alimenta as crenças e a religião. A Broa acaba por ser um símbolo de convivialidade, hospitalidade, generosidade e comunhão!

A broa a sair do forno
   

A broa de milho

 

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